A gargalhada gostosa de uma criança escutada ao fundo. O jeito de andar altivo daquela mulher elegante. O refrão de uma música ou uma frase escutada que insiste em não sair da cabeça. São dessas pequenas coisas que partem a maioria dos textos aqui publicados. Pequenas coisas que acontecem todo dia à todo momento. Comigo, não necessariamente comigo, com você e com qualquer outra pessoa que se arrisque no perigoso movimento de respirar. Um movimento simples e corriqueiro, tal qual lavar roupa no final de semana.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Minha avó não mora aqui

Minha avó não mora aqui, minha avó mora muito longe, a cerca de dez décadas atrás. Em termos históricos, de tempo absoluto, nem é tão longe assim, mas em termos de pessoas é uma distância incomensurável. Ela não mora ali na esquina, nos anos 80, onde vez por outra nos arriscamos a dar uma volta; também não mora nos anos 30, aquela década que visitamos com um pouco mais de sobriedade. Nem mora nos loucos anos 20, rico em simpatia e esperança. Ela mora numa década bem distante, numa década na qual se ousava usar uma tal de simplicidade, na qual esta ainda estava na moda, não a moda dos 140 caracteres, não essa simplicidade, esse nível de...sofisticação.

     Vejamos nós hoje, tão “in”, tão “on line”,tão “ conectados”, precisamos de um arsenal de parafernálias para nos comunicar, um aparato infinito de cores, de nomes, de luzes, de “pod’s”, de “redes sociais”...essa foi a estranha e esquisita forma que encontramos para nos encontrar, uma interligação com um sem-número de coisas entre nós. Décadas e décadas de evolução tecnológica nos trouxeram a isso. Décadas e décadas atrás, tão longe quanto habita a minha querida avó, eles também inventaram uma tecnologia baseada na simplicidade e que alcançava um altíssimo grau de sofisticação, e tudo isso sem utilizar um único algarismo ou caractere: a tecnologia do abraço.

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