A gargalhada gostosa de uma criança escutada ao fundo. O jeito de andar altivo daquela mulher elegante. O refrão de uma música ou uma frase escutada que insiste em não sair da cabeça. São dessas pequenas coisas que partem a maioria dos textos aqui publicados. Pequenas coisas que acontecem todo dia à todo momento. Comigo, não necessariamente comigo, com você e com qualquer outra pessoa que se arrisque no perigoso movimento de respirar. Um movimento simples e corriqueiro, tal qual lavar roupa no final de semana.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Alguém por aí


    Sei que existem bilhões de pessoas neste mundo. Mas algo me diz que em algum lugar existe alguém que seja um pouquinho mais legal que todas as outras. Tem um alguém por aí. Um alguém espalhado no meio da multidão que em algum momento irei encontrar no caminho da vida – a julgar pela probabilidade, a porcentagem de um evento favorável é consideravelmente superior neste caso. Pensar assim me traz tranquilidade.
     Eu não estou a procurando, assim como ela não está por mim. Estamos aí, a solto e dispersas, para que num ponto cruzado acabemos por nos esbarrar. Não que isso vá acontecer num encontrão, num impacto fulminante através do qual as presenças sejam reciproca e inquestionavelmente percebidas dentro de uma faísca de tempo na qual apenas estas duas existências existam. Não, não será assim.
     Digamos que sua presença será percebida quase sem ser. Como alguém que de repente faz um comentário simples, inteligente e jocoso na fila do banco e acaba por chamar a sua atenção. E, então, haverá a percepção mútua de antigos conhecidos-desconhecidos. Algo que durará por nada menos que muitos anos.
     Sendo assim, há de se ter paciência, as coisas acontecem macias quando vão devagar. E também é necessário tempo para ir descobrindo e construindo habilidades. Afinal, vai que seja eu quem terá de fazer o comentário simples, inteligente e jocoso?

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