A gargalhada gostosa de uma criança escutada ao fundo. O jeito de andar altivo daquela mulher elegante. O refrão de uma música ou uma frase escutada que insiste em não sair da cabeça. São dessas pequenas coisas que partem a maioria dos textos aqui publicados. Pequenas coisas que acontecem todo dia à todo momento. Comigo, não necessariamente comigo, com você e com qualquer outra pessoa que se arrisque no perigoso movimento de respirar. Um movimento simples e corriqueiro, tal qual lavar roupa no final de semana.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Resoluções 2.5

  Joguei fora a escova de dentes
  Joguei no rio aquele par de brincos 
  Há muito guardados/ esquecidos no fundo do baú
  Lavei de uma só vez todas as roupas usadas
  Colei um novo mantra na parede.

  Acho que agora consigo realmente recomeçar.

  Não sei ao certo por onde o mundo andou
  Mas acabo de perceber que ainda estou por aqui.
  

sábado, 8 de junho de 2013

Entre

Como escrever sobre essa carga de emoção, sentimento e variações de coisas pulsantes à flor da pele?
Como expressar a inebriante presença desse encontro?
Como descrever o que acontece nesse espaço do “entre”?
Eu respondo:
              Não há como.
O que se pode é apenas entrar neste espaço e estar nele durante o momento único de sua realização.

Pois a experiência muda, transforma-se, perde-se e também se cria. Mais que tudo, a experiência só se vive.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Alguém por aí


    Sei que existem bilhões de pessoas neste mundo. Mas algo me diz que em algum lugar existe alguém que seja um pouquinho mais legal que todas as outras. Tem um alguém por aí. Um alguém espalhado no meio da multidão que em algum momento irei encontrar no caminho da vida – a julgar pela probabilidade, a porcentagem de um evento favorável é consideravelmente superior neste caso. Pensar assim me traz tranquilidade.
     Eu não estou a procurando, assim como ela não está por mim. Estamos aí, a solto e dispersas, para que num ponto cruzado acabemos por nos esbarrar. Não que isso vá acontecer num encontrão, num impacto fulminante através do qual as presenças sejam reciproca e inquestionavelmente percebidas dentro de uma faísca de tempo na qual apenas estas duas existências existam. Não, não será assim.
     Digamos que sua presença será percebida quase sem ser. Como alguém que de repente faz um comentário simples, inteligente e jocoso na fila do banco e acaba por chamar a sua atenção. E, então, haverá a percepção mútua de antigos conhecidos-desconhecidos. Algo que durará por nada menos que muitos anos.
     Sendo assim, há de se ter paciência, as coisas acontecem macias quando vão devagar. E também é necessário tempo para ir descobrindo e construindo habilidades. Afinal, vai que seja eu quem terá de fazer o comentário simples, inteligente e jocoso?

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ganhei o dia


     Hoje a vida me presenteou com mais um dia. Hoje eu ganhei a semana, ganhei o mês e, principalmente, os últimos 15 dias. Hoje eu ganhei seis anos de formação em uma única experiência. Hoje eu ganhei uma surpresa e ganhei também das minhas suspeitas.
     Existem momentos de nossas vidas nos quais sentimos clara e intensamente toda a razão de nossa história, todo o porque de nossas escolhas e toda a certeza de uma vitória. Particularmente, adoro esses momentos translúcidos. Aprendi a valorizar cada milésimo de segundo desses instantes de unificação repentina.
     Entretanto, tenho as minhas preferências. Estes momentos não deixam de ser interessantes quando ocorrem em situações já esperadas. Acredito que os rituais de nossa sociedade são os maiores exemplos. Contudo, nestes há toda uma “pompa e circunstância”, existe toda uma gama de preparação anterior. Gosto disso, mas prefiro formas de apresentação mais espontâneas.
     Talvez, por ser uma “do contra” declarada, tenha aprendido a ter um gosto maior pelo simples. Um apreço extremado pelo singelo. Não por acaso, este blog trata de coisas que à primeira vista pareceriam corriqueiras. Não por acaso, escolhi ser pequena.
     Sou adepta daquele pensamento que acredita nas relações e mudanças no presente, pois o passado já não me pertence e o futuro eu desconheço. Pois, hoje, o fato é que recebi um grandioso, pequeno e genuíno abraço. E a sensação foi de ter forças para poder abraçar o mundo.


Texto escrito em 03/04/13.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Conversa sobre coisas não ditas


_ O quê?
_ Não...nada. Só tou falando mesmo, não vale a pena discutir por isso agora...
_ Mas o que foi? Fala alguma coisa!
_ Não, nada... quer dizer... só que eu tou falando aqui, desabafando, falando aqui pra você sobre um drama pessoal que eu tou vivendo nesse momento de agora, tou falando da minha preocupação, do meu sofrimento com tudo isso, desmoronando, enfim, contando pra você. E, então, a sua grandiosíssima ideia de consolação e de conforto é exatamente dizer que eu estou errada, que eu estive errada desde o começo e que não deveria mesmo esperar mais do que o que está acontecendo?!
  Quer saber? Muito obrigada! Muito obrigada mesmo! Era exatamente isso que eu esperava escutar de você nesse momento!