A gargalhada gostosa de uma criança escutada ao fundo. O jeito de andar altivo daquela mulher elegante. O refrão de uma música ou uma frase escutada que insiste em não sair da cabeça. São dessas pequenas coisas que partem a maioria dos textos aqui publicados. Pequenas coisas que acontecem todo dia à todo momento. Comigo, não necessariamente comigo, com você e com qualquer outra pessoa que se arrisque no perigoso movimento de respirar. Um movimento simples e corriqueiro, tal qual lavar roupa no final de semana.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Não Há Porque Ter Medo (ou Aviso Aos Iniciantes)

     Ferimentos doem. Emoções passam. Crianças choram. Histéricas gritam. A lama suja. Corruptos roubam. Todo mundo cresce. Todo mundo muda. Todo mundo morre. O orgânico apodrece. O tempo passa. Desastres acontecem. Animais atacam. Tragédias são trágicas e amores serão sempre amáveis. Invejosos querem o que é seu. Egoístas não dividem nada com ninguém. Algumas pessoas realmente não se importam. ”O pra sempre sempre acaba”. Você vai fazer o que disse que nunca iria. Seus planos não darão todos certos. Você vai ficar velho. Nada será exatamente como é hoje.
     Tudo que sobe também desce. Ao se arriscar você, de fato, corre um risco. Ao não se arriscar também. ”O sol realmente queima se ficar exposto por muito tempo”. A discriminação existe. A diversidade é um fato. A história é construída. O principal não são os objetos em si. Nada nasce do nada. Ninguém é totalmente mau ou bom. O maniqueísmo é burro. A mocinha sempre morre no final dos melhores filmes. Não há mal que sempre dure nem alegria que nunca acabe. O capitalismo jamais garantirá emprego pleno, essa é uma das bases sobre as quais ele se ergue. Eu também minto.
 Algumas pessoas falam mal de você. Você também fala mal de algumas outras. Um dia você brocha. Outro dia você dá o troco. Pode esperar, ela não vai te ligar amanhã. Você também vai deixar alguém esperando. Suas vitórias não serão todas recompensadas. Você vai morrer sonhando. Depois de um certo tempo quase todos já carregam algum machucado. O primeiro não será o único amor da sua vida. Todas as pessoas são diferentes e você não vai se dar bem com todas elas.
     Mas vem cá... que raios você estava esperando que acontecesse?! O óbvio não é óbvio por acaso. Certas coisas nessa vida simplesmente são, e não há nada que você possa fazer para que sejam o contrário. Quanto às consequências delas? Bem... quanto a isso você pode escolher fazer alguma coisa. O máximo que pode acontecer é dar tudo errado, mas você nunca vai ter garantias de que isso não vá acontecer mesmo. Então é isso. Vai lá e segue em frente. Não há porque ter medo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sim, ela era bonita...

Quando esses olhares se cruzam e se interceptam, não sei mais o que pode ocorrer. Olhares transeuntes que por um descuido do destino_ mero acaso ou nem tanto_ se raspam, se tocam em um ponto milimétrico. Mas que ficam, que fixam, e fecham.
O que poderia ser mais que este olhar? O que poderia estar mais adiante desta cabeleira? Desta fachada de se guardar? Eu vejo isto e já crio uma história. Lembro de lugares, afetos, beijos e outras coisas que sequer existem em minha memória.
Eu sou um intacto. Sou um grão no meio do mundo, no meio de uma tempestade, que apesar disso não cansa em pensar que algum dia vai esbarrar com outro grão de aspectos iguais.
Vejo um rosto. E já sei de seu destino e de seu passado, sei de ti e de tudo. E, em verdade, não sei de nada. Gosto apenas de criar, de cogitar possíveis possibilidades, formular hipóteses e então desistir.
Como uma brincadeira, como uma bobagem, como um encanto... como num conto.





Vislumbre

     Sim... eu não sei. Afinal de contas, acho que eu não sei. Essas possibilidades começam a ventilar em minha cabeça e acho um pouco estranho que isso aconteça agora. Acho que, enfim, alcancei a tal da maturidade, consigo me enxergar e olhar em volta, e ver que conexões e similaridades existem entre uma coisa e outra. Não, não sou mais apenas aquela criança birrenta que diz: ”Não vou por aí!”. Agora tenho um querer mais definido. Parece tão simples! Não sei porque demorei tanto tempo para admitir isso. Estou pronta. Estou pronta para ser eu, para me fazer livre. Finalmente me vejo planejando meu futuro, não apenas pelo plano em si, pela apreensão metódica do devir, mas pelo fato de ter estes planos direcionados por algo que sou eu, que realmente me satisfaz e que me faz feliz.
     Sinto que tenho que agarrar as possibilidades_ e criá-las também. Sinto o mundo como receptivo a mim e como se a única coisa que tivesse que fazer fosse me mostrar. Vislumbro um depois, um depois que não é apenas calcado em sonhos_ sim, é constituído também por eles_, mas que também tem os pés na realidade. Olhar em direção aos céus com os pés fincados na terra.